Caso Peírre Sousa

Conto escrito

Cerca de 5 anos atrás, me mudei para uma nova casa aparentemente muito confortável e aconchegante, pois é, aparentemente. Nas primeiras semanas ainda estávamos ajeitando as coisas, por isso eu ainda estava sem minha cama, o que me fazia ir dormir no sofá da sala.

Na hora de dormir, arrumei o sofá para me deitar e adormeci. Mas algo interrompeu meu sono, abri os olhos, ainda estava tudo escuro, ligo meu celular e vejo o horário, 3:13 da manhã. Com muito sono, decidi voltar a dormir, e eu teria conseguido, se não fosse por algo, um sentimento, algo estava me observando, e vinha do corredor, quando abri os olhos não havia nada, apenas a escuridão da madrugada. Aponto a lanterna do celular para o corredor, nada. Mesmo assim, eu sentia, sabia que algo estava ali.

Me escondo debaixo da coberta, claro que não adiantaria, mas ali estava eu, amedrontado por aquele sentimento. Não queria acordar meus pais, mas mesmo se quisesse, não teria coragem o bastante para sair dali. Eu suava, sofria com o calor debaixo das cobertas, mas eu me mantinha lá, fugindo do que quer que seja aquilo, e ele continuava ali. Sempre ali.

As horas foram passando, horas que pareceram dias, e os primeiros sinais do dia iam aparecendo, a sala fora se clareando, a escuridão ia embora e eu finalmente poderia descansar. Aquilo havia me assustado bastante, mas tinha passado, não é mesmo?

Eu não podia estar mais errado, uma semana se passou, semana na qual eu acordava às 3:13 da manhã e só dormia quando o sol raiava. Apenas depois dessa semana perturbadora, minha cama chegou e eu finalmente pude descansar de verdade, sem nada para interromper meu sono. Parei de acordar às 3 da manhã, mas até hoje, em cada fresta, em cada escuridão, eu sinto que algo ainda está ali, vigiando cada passo meu, afinal, não tem o que fazer, ele sempre está.